Série Lanterna Mágica, 2012

Lanternas mágicas, fotografias em papel de prata/gelatina Ilford Multigrad IV, com viragem de selênio.

147 x 99 x 5 cm (fotografias)


A série Lanterna mágica (2012) está constituída, hoje, por um conjunto de doze fotografias realizadas manualmente, em laboratório fotográfico, em papel de prata/gelatina de base de fibra. Acompanham quatro projetores antigos, do século 19 e início do século 20, do tipo lanterna mágica.

Dentro do laboratório, durante o processamento, as fotografias são expostas a uma luz muito intensa e puntual que afeta a reprodução correta do negativo, como se uma mancha consumisse a paisagem representada, tal qual um buraco, negro e inescapável. Cada negativo preto & branco usado no laboratório gerou quatro imagens distintas, de acordo com a intensidade e tamanho do buraco negro produzido sobre a superfície do papel fotográfico, durante a sua exposição à luz.

As lanternas mágicas, por sua vez, revelam, por meio da projeção luminosa, detalhes daquelas mesmas paisagens consumidas pela luz do laboratório fotográfico. O projeto se apresenta como um exercício onde dois tipos de emissão de luz interferem e produzem imagens de características opostas, a partir das mesmas matrizes. Na contra-mão da documentação de base digital, esse exercício visual abre caminho para a discussão sobre a ontologia da imagem fotográfica original e sua relação filosófica com um possível capítulo da história da humanidade, eclipsado, hoje, por um excesso de racionalismo, aquele relacionado ao mistério e à fantasmagorias.

 


 



Magic Lantern

[Selenium toned gelatin-silver print on Ilford Multigrad IV]

147 x 99 x 5 cm (photos)

 

Magic Lantern series (2012-2016) is a set of twelve photographs produced manually in photographic laboratory in silver paper/gelatin fiber-based. Initially accompany four old projectors, of the 19th and early 20th century: the magic lantern type; four other lanterns will be added at its next exhibition.

Inside the lab, during processing, the photos are exposed to a very intense and punctual light that affects the correct reproduction of the negative, as if a spot had consumed the represented landscape, like a black and inescapable hole. Each black & white negative used in the laboratory generated four different images, according to the intensity and size of the black hole produced on the surface of the photo paper during their exposure to light.

The magic lanterns are projection devices of a time when photography did not exist yet. They use the principle of the camera obscura and well represent the human interest for the fantastic, the dream. The magic lanterns reveal, through the light projection, details of those landscapes consumed by the light in the photo lab. The project is presented as an exercise where two types of light emission interfere and produce images of opposite characteristics, based on the same matrices. Differently from the digital documentation, this visual exercise paves the way for a discussion about the ontology of the original photographic image, as all as its philosophical relationship with a possible chapter of human history related to the mystery and phantasmagoria, eclipsed today by an excess of rationalism.