Aucune Bête au Monde, 2019
Livro pintado a mão e jaqueta de livro, pintada e emoldurada
Livro de Marcel Bigeard e Marc Flament (Paris: La Pensée
Moderne, 1959). Formato 29x23 cm, 104 páginas. [Book by Marcel Bigeard and Marc
Flament (Paris: La Pensée Moderne, 1959). Format 29x23 cm, 104 pages.]
Dimensões/dimensions 29x32x2 cm (livro/book) + 32x52x3 cm
(moldura/frame)
Segundo o historiador Alain Ruscio, o general Marcel
Bigeard, lendário herói da colonização francesa, foi um militar muito vaidoso
que construiu sua própria imagem de glória. "Orquestrou, com maestria, uma
construção ideológica, sustentada pelos interesses da própria República, por
meio de eficientes mecanismos de pressão sobre suas colônias. [...] A
popularidade de Marcel Bigeard, ex-membro da Resistência em plena atividade
durante as guerras na Indochina e na Argélia, se explica, sem dúvida, pela sua grande
coragem física - sempre envolvido em missões perigosas, dono de um estilo rude,
com um relativo respeito pelas hierarquias militar e política e, sobretudo, um
sentido aguçado de comunicação. [...] Marcel Bigeard foi um autor prolífico.
Sua bibliografia é longa. [...] Ele sempre falava e escrevia sobre si próprio na
terceira pessoa do singular (Bigeard fez... Bigeard disse... Bigeard pensa...).
Um psicanalista provavelmente veria nisso um certo umbiguismo um pouco
exagerado."
Aucune Bête au Monde
é um livro editado em 1959, ilustrado, à maneira das revistas de atualidades
como
Paris Match (fundada em 1949) e
Life (1936-2000) bastante populares na época
e ditadoras de um estilo de linguagem texto-imagem que foi replicado em vários
países:
le poids des mots, le choc des
photos. O livro foi composto por
textos escritos pelo então Coronel Bigeard e fotos realizadas pelo Sargento-Chefe
Marc Flament, em solo argelino, em algum momento da longa guerra pela
independência da Argélia (1954-1962).
A fim de criar uma maior coerência entre as
fotografias e o título do livro, decidi esconder, por meio da pintura feita à
mão, todas as imagens dos militares que aparecem sobre as fotografias. Foram
também realizados cortes específicos em algumas páginas para eliminar os textos
que identificavam o local onde as imagens foram capturadas. Os apagamentos nas
imagens e nas próprias páginas pretendem sugerir um aspecto de universalidade a
partir da documentação de uma guerra específica. Que lindo teria sido se o ser animal
humano não tivesse deixado nenhuma marca naquelas dunas...