Yanğyin bosphoros, 2011-2012 [série Turista Transcendental]
Yan�yin bosphoros
Juntamente com o Dardanelos, o Bósforo (em turco: BoÄ�azici) é um dos dois estreitos
turcos que separam a Europa da Ásia. Também conhecido como o Estreito de
Istambul (em turco: Istanbul BoÄ�azı), o Bósforo faz da 'rainha das
cidades', a única, no mundo, situada em dois continentes. Numa linha reta sobre a água, a distância entre a
Europa e a Ásia varia entre 700 e 3400 m; o tráfego entre os dois continentes é intenso
nos dois sentidos, atravessando a cidade onde vivem mais de treze milhões de
pessoas. O estreito mais estreito do mundo usado para navegação internacional
tem 31 quilómetros de extensão, unindo o Mar Negro (em turco: Karadeniz)
ao Mar de Mármara (em turco: Marmara Denizi).
Istambul sempre pareceu destinada a unir polos
distintos, harmonizar os opostos, congregar valores e culturas, por mais difícil
e improvável que possa ser. A música otomana é um bom exemplo; surgiu quando os
músicos e compositores, entre os séculos XVI e XVII, alimentados pela corte e
por uma elite urbana secular e religiosa (os sufis, principalmente), adaptaram ritmos
turcos, modos e lirismo orientais às formas clássicas europeias da época. O
trânsito, a troca, a união e a dualidade parecem ter sido, desde tempos
imemoriais, a marca da 'porta para a felicidade' (outra de suas alcunhas),
estando a felicidade, talvez ou sempre, do outro lado do Bósforo...
O desenho sinuoso do Bósforo me sugeriu a linha
formada no centro da representação simbólica chinesa do duo de forças Yin
e Yang, conhecida como Taijitu, diagrama de formato redondo que
sugere a dinâmica do movimento/troca/alternância contínuos dessas duas
energias. Além disso, da mesma maneira que Yang e Yin não são
forças ou dualidades opostas, os dois lados do Bósforo são margens
complementares, que interagem dentro de um todo, maior.
Porém, não está em questão, aqui, definir qual
lado do Bósforo - o asiático ou o europeu - corresponderia melhor aos aspectos
'escuro, lunar, passivo, frio, fraco, retraído' e, de maneira oposta,
'iluminado, solar, ativo, quente, expansivo, forte'. Assim como as coisas se
expandem e se contraem, a temperatura oscila entre o quente e o frio, o
movimento das águas do Bósforo dá a sensação do movimento contínuo yinyang-yangyin,
fazendo tudo acontecer. Como exercitar visualmente esse dinamismo? A resposta
foi amalgamar as duas margens do Bósforo em um único fluxo, entre o Mar de
Mármara e o Negro, complementado pela música otomana que alterna, delicada e
sutilmente, entre uma forma clássica mais européia e outra mais oriental.
Durante a primeira parte do percurso realizado
em táxi marítimo (em turco: Deniz taxi), da estação de KabataÅ� em
direção ao Mar Negro, a câmera de vídeo estava apontada para a Europa. No
retorno mirou a margem asiática até a entrada do Mar de Mármara e depois
novamente a Europa até voltar ao ponto de partida. As três horas de percurso
real foram posteriormente colapsadas em um único, de 'mar a mar', de apenas uma
hora.
Yanğyin bosphoros [Transcendental Tourist series]
Yan�yin Bosphorus
Together with the Dardanelles, the Bosphorus (in
Turkish: Bo�azici) is one
of the two Turkish straits that separate Europe from Asia. Also known as the
Istanbul Strait (in Turkish: IstanbulBo�azı), the Bosphorus
makes the 'queen of cities' the only one in the world located on two
continents. In a straight line across the water, the distance between Europe
from Asia varies from 700 to 3,400 meters, with heavy traffic crossing, in both
directions, a city of 13 million inhabitants. The world's narrowest strait used
for international navigation is 31km long, and links the Black Sea (in Turkish:
Karadeniz) to the Sea of Marmara (in Turkish: Marmara Denizi).
Istanbul has always seemed destined to unite
distinct poles, harmonize opposites, bring together value systems and cultures,
difficult and unlikely as that may be. Ottoman music is a good example; it
arose when musicians and composers, between 16th and 17th centuries, stimulated
by the court and by a secular and religious urban elite (Sufis, mostly),
adapted Turkish rhythms and oriental modes and lyricism to the classical
European idioms of the period. Free transit, exchange, union and duality seem
to have been, since time immemorial, the mark of the 'door to happiness'
(another of its nicknames); happiness being, perhaps or always, on the other
side of the Bosphorus...
The sinuous shape of the Bosphorus suggested to me
the line formed at the center of the symbolic representation of the dual
Chinese Yin and Yang forces, known as Taijitu, a circular
diagram that suggests a dynamic of constant movement/exchange/alternation
between these two energies. Moreover, just as Yang and Yin are
not opposing forces or dualities, the two margins of the Bosphorus are
complementary, interacting within a greater whole.
In any case, there is no question here of
determining which side of the Bosphorus - the Asian or the European - match
more closely the aspects ‘dark, lunar, passive, cold, weak, shy' and,
conversely, ‘illuminated, solar, active, warm, outgoing, strong.' Just as
things expand and contract, and temperature fluctuates between hot and cold,
the movement of the waters of the Bosphorus gives the impression of continuous
movement, yinyang-yangyin, making it all happen. How does one express
this dynamism visually? The answer was to merge the two banks of the Bosphorus
into a single stream, between the Marmara and Black seas, complemented by
Ottoman music that alternates, delicately and subtly, between a more European
classical form and another, more oriental.
During the first part of the ride taken by sea taxi
(in Turkish: Deniz taxi), from Kabata� station to the Black Sea, the video camera was
aimed at Europe. On the way back, it pointed to the Asian shore right up to the
entrance to the Sea of Marmara and then back at Europe until the point of
origin. The three-hour itinerary was later collapsed into a single ‘sea to sea'
route, lasting just one hour.